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Crítica: Tolkien | Uma carta de amor ao autor mas esquece de abordar sua genialidade


Título original: Tolkien

Elenco: Nicholas Hoult, Lily Collins, Colm Meaney, Derek Jacobi, Anthony Boyle, Patrick Gibson, Tom Glynn-Carney, Craig Roberts 

Direção: Dume Karukoski

Ano/País: 2019/Estados Unidos

Data de lançamento: 23 de maio de 2019

Distribuição: Fox Film do Brasil



Para quem não sabe: John Ronald Reuel Tolkien (J.R.R. Tolkien, ou simplesmente Tolkien), foi um escritor, poeta, filólogo e acadêmico que ficou conhecido especialmente por sua obra O Hobbit e sua sequência, a saga O Senhor dos Anéis. O filme narra principalmente, infância e a juventude de Tolkien, explorando sua vida nos momentos mais importantes da sua vida através do seu ponto de vista em uma narrativa mais íntima que nos leva a conhecer suas paixões, suas amizades e suas tragédias que foram tão importantes na sua vida.



No filme, o personagem é interpretado por Harry Gilby - que o interpreta em sua infância -, e Nicholas Hoult que faz sua adolescência e sua maioridade. De início, já somos apresentados ao evento que teve grande influência na vida do autor, a Primeira Guerra Mundial. Ela moldou sua vida após isso tanto negativamente quanto positivamente, gerando cicatrizes em suas emoções que nunca sararam e toda a tragédia que viveu durante esse tempo, serviu de inspirações para suas histórias.



A história segue como se fosse uma espécie de flashback que volta a sua infância e explora os momentos mais importantes disso, começando com sua trágica infância até o momento que ele e seu irmão Hilary Arthur Reuel Tolkien se tornaram órfãos. Essa parte é exposta de modo apressado, nos entrega o essencial para entendermos a sua situação no decorrer do filme mas que poderia ter sido pouco mais explorada ainda mais na sua relação com sua mãe, Mabel.


Casa em que ele passou infância com sua mãe e irmão.

Algo muito bem explorado é amizade de Tolkien com Geoffrey Bache Smith, Christopher Wiseman, e Robert Gilson, que tiveram grande importância em sua vida e que inspiraram personagens de suas histórias. A importância de cada um deles para a vida do personagem é muito bem explorada, como no filme mesmo fala, eles eram como família e cada um gerava motivação para os outros. A química entre os atores conseguiu ainda mais expor isso.


Tolkien (Nicholas Hoult), Robert Gilson (Patrick Gibson), Geoffrey Smith (Anthony Boyle), e Christopher Wiseman (Tom Glynn-Carney).

Edith Bratt (Lily Collins), o grande amor de sua vida e que futuramente viria a ser sua esposa e mãe de seus filhos, também é outro forte elemento da história. Ela não só só seu interesse amoroso na história mas também sua importância para sua vida sendo sua grande motivação e inspiração de suas obras e sua paixão por línguas. Lily Collins consegue ainda transmitir diversas faces de Edith que faça com que o público consiga entender o que Tolkien mais a admirava nela que também era alvo de ser considerada diferente para sua época.


Tolkien e Edith Bratt (Lily Collins).

O ponto de vista de Tolkien sobre o mundo mesmo como adulto fez com que ele criasse diversas histórias sobre fantasia, e foi essa visão sob momentos bons e difíceis que o ajudaram a superar diversos momentos estão presentes no longa. Não só sua produção chama sua atenção, mas a forma que ela se encaixa na história trazendo uma visão muito lúdica e criativa sob a mente dele que conseguia extrair uma história disso. Seu amor por línguas também é outro forte. A grande paixão de Tolkien era seu estudo sobre as diferentes línguas e principalmente em criá-las. Essa paixão foi o que de fato deu estrutura para que ele desenvolvesse suas histórias e que até hoje são comentadas. Contudo, o filme falha em tentar demonstrar a genialidade do autor em meio a isso, focando apenas na sua vida pelo seu ponto de vista tornando-o um pouco mais raso e sem total profundidade.


Tolkien e seu grande mentor, professor Wright (Derek Jacobi).

No fim, o filme funciona não só como uma biografia para o autor mas também como um modo sutil e cativante de nos mostrar esse estudo sobre as línguas que criava. A história não serve só para quem já é fã do  autor mas também pode encantar quem nunca leu nada sobre ele já que ele explora, acima de tudo, sua vida através de suas amizades, amores e tragédias que moldaram sua vida e como cada acontecimento influenciou suas obras que se tornaram parte de si mesmo e até hoje continuam a encantar quem já o conhece e quem nunca havia conhecido seu trabalho em uma drama de época.

NOTA: 8/10

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