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Crítica: Hellboy | A nova adaptação traz a essência dos quadrinhos mas carece de estilo próprio




Título original: Hellboy

Elenco: David Harbour, Milla Jovovich, Sasha Lane, Daniel Dae Kim, Ian McShane, Thomas Haden Church 

Direção: Neil Marshal

Ano/País: 2019/Estados Unidos

Duração: 121 minutos

Lançamento: 16 de maio de 2019

Distribuição: Imagem Filmes

Hellboy retorna aos cinemas após 10 anos do último, dessa vez com novo elenco, nova história, personagens e uma produção totalmente diferente, ou seja, um reboot. Dessa vez, o personagem título é interpretado por David Harbour (Stranger Things) que trouxe um toque pessoal para o personagem e roteiro teve participação do criador próprio criador, Mike Mignola no roteiro e direção de Neil Marshal (Game of Thrones).

O Hellboy de David Harbour.

Se assim como eu você nunca se aprofundou nos quadrinhos de Hellboy, é preciso primeiro entender que assim como outras histórias, ele também possui um universo próprio que usa sua própria mitologia e se estende por diversas possibilidades. A ideia de um reboot envolvendo o personagem não parecia má ideia, apesar dos filmes de Guillermo Del Toro serem considerados uma das melhores adaptações dos quadrinhos, muita coisa sobre Hellboy nunca foi explorada nos filmes, diversos personagens e diferentes histórias. Tudo sobre o personagem envolve o mundo fantástico que vão desde de conto de fadas, histórias religiosas, até uma mitologia original e isso possibilita usufruir dos mais diversos gêneros e temas.

Baba Yaga retirada de lendas russas proporciona cenas dignas de um filme de terror.

Nesse filme, desde o começo foi comentado para ser feito para explorar o lado ligado a terror e ainda ser para maiores de idade. Ele de fato consegue criar esse clima de suspense em muitos momentos mas não são vingados graças ao o humor e ação. Humor é algo difícil de lidar, se em filmes de heróis com um tema mais descontraído ele consegue ser bem utilizado, aqui não é o caso. Muitas vezes ele é forçado e feito fora de hora, como se alguém tivesse ordenado que as piadas fossem introduzidas de última hora. Talvez essa péssima utilização do humor tenha sido para tentar aliviar as cenas violentas, que por sinal são bem pesadas. Ação é algo bem polêmico hoje em dia, se não for bem utilizada ela se torna apenas algo vazio no filme para chamar atenção, em Hellboy ela é muito bem feita mas não é muito interessante, fazendo com que acabe se tornando tediosa. A violência usada também toma uma proporção absurda com cenas sangrentas e que de fato choca o público, mas está lá apenas para isso. Se torna algo vazio em sem sentido naquele meio usado apenas para chocar as pessoas de forma exagerada.


David Harbour pode não ser a escolha perfeita para o papel mas é possível sentir sua confiança e conforto no papel. Isso segura bem o seu protagonismo mas não faz você se sentir exatamente atraído para o personagem que carece de um carisma. Problema causado por falta de espaço no enredo para o personagem em si. O caráter dos personagens é outro problema a ser destacado. Por mais que você saiba que lado eles estão, suas visões acabam ficando deturpadas tornando quase impossível sentir empatia por eles. Milla Jovovich interpreta a vilã no filme, a feiticeira Nimue. Sua caracterização e atuação faz com que ela chame atenção no filme e se torne tão carismática quanto o protagonista, mas sua falta de espaço no longa e cenas curtas, foram ainda mais soterradas pelo uso indevido e exagerado dos efeitos especiais.

Milla Jovovich como Nimue proporciona uma ótima atuação mas que precisava de um espaço maior para se destacar.

Inclusive, os efeitos especiais cumprem bem seu papel, estão muito bem produzidos mas mal utilizados. Se em algumas cenas eles são tão sutis fazendo você se perguntar se é efeito mesmo, em outras cenas eles são tão exagerados que acabam distraindo de forma negativa.

Os efeitos são muito bem feitos mas usados de forma exagerada e indevida.

O universo de Hellboy nos quadrinhos é extenso e bebe principalmente de histórias mitológicas e com mágica envolvida. Por ser tão grande e complexo, com uma variedade incrível de personagens bons e maus, é inevitável pensar em uma sequência para explorar isso. Ainda é cedo falar se existirá uma sequência, mas o problema que quero apontar é justamente essa quantidade de elementos que foram introduzidas no filme. Existem diversas sub histórias que poderiam ser usadas futuramente e outras que até fazem sentido estar ali mas poderiam ter tomado uma abordagem diferenciada. Todo esse espaço poderia ser usado para trabalhar mais profundamente se enredo mais afundo e até mesmo trabalhar melhor seus personagens.

Alice Monaghan (Sasha Lane) e Bei Daimio (Daniel Dae Kim) são os aliados de Hellboy no filme.

É impossível dizer com clareza se o filme vinga o Hellboy dos quadrinhos que possui diversas camadas em seu universo. Para quem é fã das outras adaptações, essa nova adaptação estrará longe do ideal. Quem busca uma história mais fiel à sua fonte, pode até sair satisfeito mas deve notar inconsistências na sua narrativa, causada pela quantidade de elementos induzidos. É cedo para dizer se o filme irá ganhar uma sequência, mas se acontecer, é necessário tomar uma produção completamente diferente e levar em consideração que nem sempre fidelidade seja sinônimo de qualidade.

NOTA: 4,5/10

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