Crítica: Game of Thrones 8x05 | The Bells
Finalmente a Batalha pelo Trono e apesar de todos os indícios e teorias estarem prestes a ser confirmadas, a série ainda abre espaço para surpreender e chocar. Fizemos uma análise desta vem com spoilers, para explicarmos momentos que pareceram confusos. Apesar de tudo que foi exibido, devemos reforçar: Daenerys não é louca! E vamos falar sobre mais para frente.
Desde os primeiros minutos é possível sentir o clima sombrio e pesado ainda mais entre os personagens. Aqui continuam os eventos do episódio passado, vemos Daenerys (Emilia Clarke) lidando com a perda de outro de seus dragões e sua fiel conselheira e amiga. Se ela realmente fosse louca ou tivesse ficado louca após isso, é evidente que ela teria feito seu destrutivo ataque antes e não tivesse voltado para a Pedra do Dragão para planejá-lo e muito menos estaria sofrendo por essas perdas de modo tão contido como o fez. Devemos lembrar que além de Verme Cinza (Jacob Anderson), ela realmente está sozinha, mesmo que tenha Tyrion (Peter Dinklage) ao seu lado e ela acredite em seus valores, todos seus amigos e conselheiros fiéis estão mortos. Aqueles que lhe deram apoio e a acompanharam desde o começo de sua jornada se foram e ele não tem exatamente alguém para confiar.
O ataque à Porto Real e ao exército de Cersei (Lena Headey) ocorre exatamente como todos os personagens previram: de forma fácil e rápida. E isso foi realmente surpreendente apesar de todos os números e e surpresas ao longo da série, algo bem-sucedido é algo para surpreender sim, e isso não é ruim. Daenerys consegue tomar a a cidade facilmente apenas com um dragão e praticamente sem uso de seu exército e logo os inimigos se rendem, e é nesse momento que somos surpreendidos mais uma vez pela sua escolha de destruir a cidade e seus habitantes. Antes de tomar o ataque, vemos ela em cima do seu dragão e sofrendo por sua decisão e não foi por lembrar de suas recentes perdas, não foi pela raiva, foi por sua decisão de destruir tudo, e assassinar pessoas inocentes e seus inimigos que haviam se rendido. Se ela fosse realmente louca, não haveria remorso, não haveriam lágrimas e sofrimento.
No lugar dela, você estaria diferente? |
"Então, por que tomar essa decisão?", eu explico: desde o começo, desde muito antes dessa temporada ou dela chegar em Westeros, sempre foi comentado que ela encontraria dificuldade em sua conquista pois ela era de fato uma estrangeira, com um exército estrangeiro tentando conquistar um lugar do qual nunca havia morado e sem nenhum conhecido. Se em Essos ela é conhecida como A Quebradora de Correntes, Mhysa, em Westeros ela não passava de uma manina com dragões e um grande exército querendo governar pessoas que não tinham ideia de quem ela era. De fato nunca houve oportunidade para ela demonstrar que não era má pessoa e que não tinha más intenções, mas e depois de perder a maior parte de seu exército, dois de seus dragões de que você se considera mãe e seus fiéis conselheiros e amigos, como você ficaria? Sabemos a essa altura da série que é impossível lutar uma guerra sem sofrer perdas e sacrifícios e Daenerys também sabe disso mas sofrer por isso não significa que ela seja mais fraca ou que esteja louca, mostra que ela se importa sim com suas perdas, diferente de Cersei por exemplo que muitas vezes mostrou não ter nada a perder e colocar em rico quem quer que fosse.
Raiva? Só se for de si mesma. |
Então, que melhor forma de governar um reino que não a quer ali, que não te conhece e ainda lidar com outro possível candidato que é mais popular e que as pessoas confiam mais (Jon Snow)? Pelo medo. O que indica isso é principalmente na conversa com Jon (Kit Harrington), após o mesmo tentar demonstrar que ainda a ama e que ainda confiava nela, Daenerys pôde sentir hesitação nele e disse a frase que antes perecia desconexa "Pelo medo, então". E pelo medo Daenerys tomará o trono e governará os sete Reinos. Não é o método moralmente correto e ela sabe disso, a atuação de Emilia deixou ainda mais evidente o sofrimento da personagem, mas a essa altura é seu único meio. Aegon, o Conquistador não deve ter feito muito diferente antes de conseguir conquistar todos os reinos, obviamente,mas também não obteve tamanha perda e pressão para tanto.
Reação que representa grande parte dos espectadores. |
Logo somos levados ao massacre, um verdadeiro show de horror e se me permite dizer, um das cenas mais tristes da série. Não acho que foi apressado e acho que a ideia de Daenerys de conquistar pelo medo convenceu, mas fomos colocados na visão dos habitantes de Porto Real pessoas simples que foram feitas para de assemelhar algo entre nós, pessoas comuns. Ver todos morte e destruição de seu ponto de vista é algo ainda mais assustador e chocante. Lado que o diretor Miguel Sapochnik soube mais uma vez explorar, todo o horror das guerras pelos dois lados e o elenco soube muito bem transmitir, apenas com suas expressões faciais, todo esse horror que assistimos que também lhe chocaram. Também conhecemos o desfecho de personagens importantes que para muitos não vingou a importância deles, ao meu ver (veja bem, na minha opinião no caso), algumas mortes foram poéticas. Não foram "bonitas" ou emocionantes mas no final, foi possível sentir empatia até pelos "vilões", e esse sentimento sempre foi essencial no começo da série para entender os personagens.
É possível extrair uma certa beleza com apenas silêncio e a trilha sonora em mio ao horror. |
Pode não ter sido o melhor episódio da série e talvez esteja longe de ter agradado a todos, mas está longe de ser ruim. Nunca houve tanta complexidade em um momento como esses nos fazendo questionar o que está acontecendo. Daenerys pode não ter tomado a melhor decisão para sua conquista mas certamente ela não foi à sangue frio e muito menos por loucura. Se ela merece de fato o reinado ou se ela vai sobreviver para reinar, fica aberto para o próximo episódio.
NOTA: 9,5/10
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