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Crítica: Cemitério Maldito | A nova adaptação do livro de Stephen King ganha um tom sombrio


Título original: Pet Sematary

Elenco: Jason Clarke, Amy Seimetz, John Lithgow, Jeté Laurence, Hugo Lavoie, Lucas Lavoie

Direção: Kevin Kölsch, Dennis Widmyer

Ano/País: 2019/Estados Unidos

Data de Lançamento: 9 de maio de 2019

Distribuição: Paramount Brasil




O filme é a segunda adaptação cinematográfica do livro homônimo de Stephen King. A primeira adaptação lançada em 1989, não-por acaso, completa 30 anos de seu lançamento agora em 2019 e é preciso lembrar que o filme lançado esse ano, é uma nova adaptação do livro e não um remake, contudo, ele serve também como uma homenagem a ele. Acho injusto ficar comparando as duas versões diretamente, assim como outros filmes que se encaixam na categoria, é necessário ter a mente aberta para apreciar ambos.



É difícil falar das histórias de King sem que elas tomem sua localidade em cidades do interior, muitas delas se passando no estado americano de Maine, sejam em cidades fictícias ou não, já que o autor nasceu por lá e usa a localidade como inspiração em suas histórias e em Cemitério Maldito não é diferente. A família Creed se muda para a pequena cidade de Ludlow, no Maine (!), família composta pelo Dr. Louis Creed (Jason Clark), sua esposa Rachel Creed (Amy Seimetz) e seus dois filhos Ellie (Jeté Laurence)  e Gage (Hugo Lavoie, Lucas Lavoie). O ponto central da história está altamente conectado com essa mudança e com sua nova moradia, já que todos os eventos que começam a tomar conta da família ocorrem ali. Sentimos desde o começo uma sensação de isolamento, não que a família more no meio do nada, mas você consegue sentir uma certa solidão ao redor dos personagens criada pelo local e isso contribui muito para o clima desconfortável.



Esse clima também é muito alimentado pela fotográfica, pela trilha do filme e pelos cenários. A fotografia muitas vezes escuras, cria o clima perfeito para alimentar a insegurança criada para o espectador e que os personagens não sentem o que torna o sentimento de "perigo iminente" ainda maior. A trilha é um show a parte. Ela também alimenta essa sensação de que algo está por vir e muitas vezes parece fazer parte do efeito sonoro fazendo você se perguntar se é a música ou se aquilo está ocorrendo mesmo na tela. O cenário por si  já diz muita coisa, seja a floresta que cerca boa parte do local, a casa em que a família agora vive ou o local que dá título ao filme.Tudo isso ajuda a criar o clima certo de suspense e desconforto.



Todas as escalações dos atores funcionam aqui. Conseguimos sentir toda empatia pelos Creeds e ainda mais por seus filhos como para Jud (John Lithgow), vizinho da família que tem papel importante para a história. No entanto, alguns personagens acabam deixando a carisma de lado, o que a versão de 1989 conseguiu construir muito bem foi toda empatia não só visual, mas nas características desses personagens e em especial pelo Dr. Creed, por Rachel e por Jud. Atuação não entrarei em mérito, todos cumprem seu papel mas faltou espaço para sentirmos mais afeição por eles. Grande falta disso vem por conta de Jud, que ficou ainda mais marcado na outra versão interpretado por Fred Gwynne que conseguiu transmitir uma simpatia natural, algo que não vemos aqui. O personagem acabou ganhando um ar ou pouco mais sério e até mesmo assustado que não transmite a confiança que na outra versão foi essencial para seu desfecho no filme.



Claro que uma nova adaptação traria algumas novidades, afinal não seria necessário adaptar outro filme que a história fosse exatamente igual. Aqui o enredo toma um tempo maior pra respirar, algumas coisas acontecem de forma mais fluida e que deixa desenvolver mais o pensamento e os sentimentos dos personagens e até mesmo os acontecimentos em si. A maior parte de um dos fatos importantes do filme foi alterado, isso não contribui negativamente para a narrativa já que a mudança não altera o choque que deve ser transmitido. Mas a grande mudança vem de seu terceiro ato. O filme tomou liberdade para ser ainda mais sombrio e complexo em seu clímax o que surpreende por um lado mas o que o acabou tornando-o mais sombrio.



O filme também possui uma "faca de dois gumes", pois ele aprofunda ainda mais os terror psicológico dos personagens que é essencial para o desenvolvimento de cada sob que acontece na trama, mas grande parte dele parece que foi exposto fora de hora, causando uma quebra do que deveria ser foco no momento. Outra novidade foi a exploração da mitologia do filme. Na época em que o livro e a outra adaptação se passam, é justificável a falta desse material mas como o o novo filme se passa na atualidade, é natural que o filme explore algo a mais por meio da curiosidade dos personagens, algo que se encaixa muito bem.


A nova adaptação é perfeita para quem busca um filme mais sombrio e complexo da obra. Não é um terror que foca nos sustos (os famosos jumpscare) apesar dos mesmos estarem presentes. Ele aposta no desconforto que contribui pela forma insegura sabendo que algo de ruim deve e vai acontecer. Não é a obra mais fiel ao trabalho de Stephen King mas tomou coragem para seguir um rumo ainda mais liberto e mais chocante.

NOTA: 7/10

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