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Crítica: A Mula (2018)

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Clicando no play do trailer, vemos, entre cenas na estrada e closes em rostos tristes, o teor dramático de A Mula, que também não perde a chance de colocar Earl (interpretado por Clint Eastwood) narrando sua história ao decorrer das cenas.

O problema começa quando o que o longa entrega na verdade não passa nem perto do que o trailer mostra. Não é possível distinguir muito bem a proposta de A Mula, já que a tensão criada no longa é pouco, se não inexistente.

Dirigido por Clint Eastwood, que volta para frente das câmeras mais uma vez, o longa não arrisca muito e entrega uma produção segura, deixando no colo do elenco de nome - Bradley Cooper, Dianne Weist, Laurence Fishburne, Taissa Farmiga, entre outros -  a responsabilidade de moldar o sentido do filme. 

No longa, Earl é um veterano de guerra que está tendo dificuldades financeiras. Ele também não tem sucesso com sua família, divorciado de sua esposa e não tem mais contato com a filha depois de não ter comparecido em seu casamento. Quando oferecem a ele um trabalho como motorista, ele fica intrigado. Tudo que ele precisaria fazer é dirigir com uma bagagem valiosa de drogas. Logo, Earl vira um transportador de sucesso e, claro, não para. Do outro lado da moeda estão os agentes federais de Chicago. A missão, comandada pelo agente Colin Bates (Bradley Cooper), é prender cartéis do Leste e o roteiro caminha para os passos de Colin e Earl se encontrem.

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A má divisão da quantidade de cenas ligadas ao cartel e as ligadas ao FBI afetam o desenvolvimento do último, que demora para se consolidar como ameaça verdadeira ao cartel e Tata, codinome de Earl. Isso impede o desenvolvimento de todos os personagens ligados ao FBI, não oferecendo um contrabalanço apropriado.

A atuação de Eastwood, com a graça e um humor inocente e afiado fazem de Earl, um senhor de 90 anos, ser um protagonista realmente capaz de simpatizar o público.  A trajetória de Earl no longa culmina para que seu final, mesmo que em parte previsível, surpreenda quando ele entende suas motivações e o que fez foi errado, sessando a discussão dentro de si e se responsabilizando por todas as acusações nos últimos minutos de filme. É quase como se o público conseguisse ver a batalha que ele estava travando, pesando o valor de feitos como bancar a reconstrução da casa de veteranos que havia sido queimada e sua conversa com o agente Bates logo após Earl ter sido apreendido. 

Toda a jornada do personagem, que vence os pontos falhos e pouco aprofundados do roteiro - como todo o arco na visão dos agentes - fazem valer a pena a ida ao cinema, já que o protagonismo de Earl na narrativa é intrigante o bastante para alimentar o público até os últimos segundos. Citando Laton, líder do cartel mexicano, "Se ele é imprevisível, deixa ele ser".

A Mula estreará nos cinemas brasileiros dia 14 de fevereiro.

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