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Crítica: 'As Filhas do Fogo' (2018)



'As Filhas do Fogo' é o novo longa metragem da consagrada cineasta argentina Albertina Carri. Conta a história de um grupo de mulheres em uma viagem, literal e metafórica, em busca de satisfação sexual e descobertas. Ao estilo road movie, somos levados a aventuras e lugares através da Patagônia.

As protagonistas, um casal lésbico, decide entrar em viagem a fim de que uma delas possa encontrar a inspiração que precisa para escrever o seu filme pornô, mas antes mesmo de embarcarem, conhecem uma terceira mulher com quem se envolvem afetiva e sexualmente. Então as três partem juntas.

Ao longo dessa jornada, elas conhecem mulheres novas, reencontram amigos, e todas essas novas mulheres nos trazem estórias únicas e uma cena única de sexo. Embora, levando em consideração todo o contexto e a crítica que o filme traz, uma das cenas de sexo é um tanto incômoda, que pode até mesmo trazer uma discussão polêmica contra as pessoas adeptas ao cristianismo.

O filme é rico em detalhes, e não tem pudor, não tem vergonha. É um estilo de filmagem totalmente não convencional, o que torna Carri um elemento muito raro no cinema argentino.


Mas o que realmente incomoda no filme é a falta de profundidade no roteiro. Não tem como afirmar que era essa a intenção da diretora (que também é co-roteirista) com a obra, mas a falta de diálogos e cenas demais de sexo acabou tornando o filme um tanto repetitivo. Fora o empoderamento, a exaltação e aceitação do corpo feminino como ele é, a naturalidade como praticam o poliamor, e as relações abertas, a história em si não te prende ao filme.

A mensagem, se é que existe uma única mensagem, que o filme passa não fica muito claro. Ao longo da película, novas mulheres e novas estórias são adicionadas a trama mas nenhuma delas parece receber a importância que merece. Ninguém ali é aprofundado, é como se você estivesse lendo um livro, mas sem exatamente estar imerso na narrativa.

A parte técnica, como disse anteriormente, é inovadora, e é o motivo pelo qual o filme não se torna algo impossível de assistir. A fotografia é linda, os cenários e lugares por onde passam as mulheres são realmente belos, casam perfeitamente com as cenas e, mesmo que não tenha vingado na história, esta parte pelo menos foi fundamental para fazer o filme se tornar o sucesso que é em seu país de origem. Mas infelizmente, pela falta de profundidade do tema, o filme aparenta ser feito somente para quem é o do meio, não parece ter a intenção de abraçar os de fora. No máximo, desperta curiosidade.


Título: As Filhas do Fogo (Las Hijas Del Fuego, 2018)

Direção: Albertina Carri

Roteiro: Albertina Carri, Analía Couceyro

Elenco: Cristina Banegas, Érica Rivas, Sofia Garcia, Disturbia Rocio, Ivanna Colona Olsen, Mijal Katzowicz, Carla Morales Ríos, Rana Rzonscinsky, Canela M.

País/ano: Argentina, 2018

Data de lançamento: 14 de março de 2019


NOTA: 3,5/10

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